"Você é livre para fazer suas escolhas,
mas é prisioneiro das consequências"
(Pablo Neruda)
mas é prisioneiro das consequências"
(Pablo Neruda)
Volta e meia nos deparamos com situações onde somos chamados a nos posicionar. Qual o caminho que devemos pegar numa estrada? Em quem devemos votar? O que devemos fazer numa determinada situação? Somos livres para fazer nossas escolhas, mas como nos lembra o poeta, somos prisioneiros das consequências... Na verdade, o que nós somos é o resultado das escolhas que fazemos ao longo da vida.
"A vida é a soma de todas as suas escolhas" (Albert Camus)
Este fim de semana aconteceu um grande debate nas redes sociais sobre a "seletividade" na indignação das pessoas. Por que algumas pessoas colocaram as cores da França nas fotos do perfil (em solidariedade com os atentados naquele país, como eu fiz), mas não colocaram bandeiras da Síria ou do Líbano, países que também foram vítimas de atentados do grupo Estado Islâmico?
Como fazemos as escolhas?
Acho que as escolhas têm a ver com as redes, as relações que construímos e as informações que tivemos acesso ao longo da vida. No caso dos atentados, existem mais relações e informações entre o Brasil e países europeus do que entre nós e a África do Norte ou o Oriente Médio. Claro que qualquer ser humano assassinado de forma covarde merece nossa solidariedade e nosso repúdio ao ato. Os mortos no Líbano, na Síria ou no Quênia não não melhores ou piores que os assassinados em Paris. Os atentados em quaisquer destes países mereceria toda nossa atenção também. Só digo que nossa seletividade tem a ver com os links das nossas redes, com as escolhas que fizemos e com as informações que recebemos ao longo da vida.
Eu, por exemplo, tenho muitos amigos em Paris, onde fiz meu doutorado, e me parece natural que qualquer atentado nesta cidade me toque muito mais de perto do que um atentado no Afganistão. Uma pessoa que cresceu em um ambiente onde as mulheres não podem se sentar ao lados dos homens num auditório ou andar na rua ao seu lado, e nunca foi confrontada com outras situações ou informações, vai considerar normal o que para nós é uma discriminação intolerável.
Mais do que ficar criticando as escolhas dos outros, me parece mais relevante que cada um de nós reflita sobre as escolhas que anda fazendo. Quanto tempo da nossa vida dedicamos a fazer o quê? Eu posso passar quatro horas do meu dia conversando sobre futebol (um assunto que gosto), ou usar este tempo de outra forma. O resultado destas escolhas vai explicar, em grande parte, quem eu serei. Como alguém já disse, "fazemos nossas escolhas e nossas escolhas nos fazem"...
Fazer escolhas é dolorido. Temos medo de errar, de sofrer, mas muito pior do que escolher errado é não escolher. Como diria o poeta mineiro Emílio Moura, "viver não dói, o que dói é a vida que não se vive...".
Façamos nossas escolhas sem medo de errar. O erro faz parte do nosso processo de aprendizagem e sempre podemos fazer do tropeço um passo de dança.
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