domingo, 10 de julho de 2016

Mercedes Benz não é mais fabricante de automóveis

"O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender, e reaprender". Alvin Tofler

Semana que vem participo de três eventos em Paris: o 9th PhD Consortium (encontro de doutorandos); a assembleia anual do The New Club of Paris e a XII International Conference on Intelectual Capital in the Knowledge Economy. Todos os eventos reúnem pesquisadores, empresários e gestores públicos para discutir temas como sociedade do conhecimento, economia digital e ativos intangíveis.

Um dos estudos que será apresentado no encontro de doutorandos traz uma informação que eu desconhecia: a Mercedes Benz, a famosa empresa de automóveis alemã não se define mais como uma "fabricante de automóveis". Eles criaram uma empresa chamada Moovel e se posicionam como uma empresa de "serviços de mobilidade para o cliente" dentro da nova sociedade do conhecimento...
Para alguns isto pode parecer um mero jogo de palavras, mas se trata de uma revolução! Como o negócio da empresa é cuidar da "mobilidade do cliente", fabricar automóveis passou a ser apenas uma das muitas formas do cliente se locomover. E, segundo os documentos internos da empresa, a que terá menos importância num futuro próximo. Eles estão investindo pesado para montar uma poderosa rede de informações para ajudar os clientes a tomarem sempre a melhor decisão de transporte, a cada segundo da sua vida. E estão pensando em tudo o que está relacionado com isto: redes de informação, telefones móveis, seguro... 

Para a empresa, a economia digital se tornou uma realidade: bilhões de pessoas têm smartphones e estão conectas à internet o tempo todo. Um dos pressupostos deste novo modelo de negócios da Mercedes é que a internet (em todos os lugares, 24h por dia) fará parte da vida dos 7 bilhões de seres humanos em muito pouco tempo.

Não tem mais volta. O mundo caminha de forma acelerada rumo a democratização do acesso à internet. Não pela bondade de governos e empresas, mas porque isto será a base dos negócios, da aprendizagem e dos relacionamentos humanos.

Muitos vêem com preocupação este cenário. Temem que seja só mais uma forma de controlar nossas vidas e explorar nosso trabalho. De fato, este risco existe. Cabe aos cidadãos se organizarem, em rede, para garantir que estes dados/informações estarão abertos e acessíveis a todos e que não serão controlados por uns poucos.

A luta pela descentralização do poder é a que nos move desde sempre. E estamos avançando! Na era medieval o rei controlava tudo; na era industrial as eleições dos "representantes do povo" democratizou um pouco mais o processo de tomada de decisão. E estamos caminhando para uma forma de democracia mais direta, onde cada cidadão decidirá, sem necessidade de eleger um "representante". A descentralização ainda maior do poder é uma das questões mais importantes nesta revolução que está nos colocando no século XXI. Cidadãos do mundo: uni-vos!

Um comentário:

  1. Assim como os ativos intangíveis, antes relegados a segundo plano, são, nesse nosso novo tempo, importantíssimos para a geração de riqueza, devemos manter nossa atenção também nas formas seguras, eficientes e úteis de conexão através das redes de informação. Você tem razão: é um caminho sem volta. Mas o computador não faz nada sozinho...Há sempre um ser humano no comando, E é aí que mora o perigo! Ô raça!

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