segunda-feira, 2 de março de 2020

Tempo de travessia

"Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha." (Fernando Pessoa)

"Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver" 
(Travessia - Fernando Brant e Milton Nascimento)


Em 1955, quando Einstein morreu, seu cérebro foi dissecado por uma equipe comandada pelo patologista da Universidade de Princeton, Thomas Harvey, para tentar descobrir o que havia de especial no cérebro de um homem que foi considerado um dos gênios do século XX. E o resultado foi decepcionante: o cérebro de Einstein era igual ao nosso...






O cérebro humano tem sido muito estudado e o que as pesquisas estão demonstrando é que ele, mais do que um centro difusor de ideias, é uma esponja que absorve e processa milhões de informações do ambiente onde ele vive. 

Durante séculos pensamos nos "gênios" como alguém fora do seu tempo e espaço. Alguém com qualidades únicas, com um contato direto com Deus... Hoje sabemos que os gênios são pessoas fora da curva, mas que construíram sua genialidade imersos em um ambiente que favorecia e estimulava sua criatividade. E que, sobretudo, possuíam uma rede social que permitiu que elaborassem suas ideias revolucionárias.

Em artigo recente, intitulado "Einstein's genius wasn't in his brain; it was in his friends" (A genialidade de Einstein não estava no seu cérebro, mas nos seus amigos"), o antropólogo social Sal Restivo mostra que os gênios não aparecem aleatoriamente, mas em determinados ambientes chamados clusters, ou grupamentos sociais. 


O fato de que atores criativos se reúnem em grupo é conhecido de longa data. O que as pesquisas mais recentes em ciência das redes estão mostrando é que grupos criativos aparecem de maneira previsível durante períodos de rápido declínio ou crescimento das civilizações. Também sabemos que novas ideias e tecnologias surgem simultaneamente em lugares diferentes e compartilham semelhanças ligadas ao espírito do seu tempo.

Um exemplo disto é a Bossa Nova, que surgiu no Brasil, na década de 60, durante um período de crise. Sem a reunião daquele grupo de artistas que se influenciaram mutuamente, não teriam aparecido gênios como Tom Jobim, Chico Buarque e João Gilberto.  

Esta descoberta sobre o papel dos clusters e dos ambientes criativos no surgimento de ideias inovadoras o no desenvolvimento econômico e social é importante porque nos traz a responsabilidade de pensar em como devemos construir nosso futuro. Se continuássemos presos a ideia de que os gênios surgem aleatoriamente, e graças exclusivamente aos seus dotes pessoais, ficaríamos esperando que eles nascessem e não teríamos nada a fazer a não ser rezar. A ciência está mostrando, ao contrário, que podemos criar ambientes que favoreçam o desenvolvimento.

E foi exatamente pensando em formar pessoas capazes de construir este novo mundo que o CRIE (Centro de Referência em Inteligência Empresarial) organizou dois cursos de Pós Graduação Lato Sensu: o MBKM (Master on Business and Knowledge Management), Pós Graduação em Gestão do Conhecimento e o WIDA (Web Intelligence and Digital Analytics), Pós Graduação em Big Data Estratégico. As novas turmas começam em março e todos podem assistir a aula inaugural. Para isto devem contactar a Paula Salgado (paula@crie.ufrj.br).

O futuro não está escrito nas estrelas. Ele depende de nós, mas precisamos estar abertos para repensar nossas velhas crenças, que nos impedem de ver as transformações que estão ocorrendo no mundo. Porque, como diria o poeta, “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia”... 

Vamos fazê-la juntos?


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