"A
confiança perdida é difícil de recuperar.
Ela não cresce como as unhas"
(Johannes Brahms)
Ela não cresce como as unhas"
(Johannes Brahms)
“Há
algo que é comum a qualquer indivíduo, relacionamento, equipe,
família, organização, nação, economia e civilização no mundo
todo. Algo que, se faltar, destruirá o governo mais poderoso, o
negócio mais bem sucedido, a economia mais próspera, a liderança
mais influente, a maior amizade, o caráter mais forte, o amor mais
profundo. Por outro lado, se desenvolvido e estimulado, tem o
potencial de criar sucesso e prosperidades sem precedentes em todas
as dimensões da vida. No entanto, é a coisa menos entendida, mais
negligenciada e mais subestimada em nossos tempos. É a confiança.
De
forma simples, confiança significa ter certeza de que a pessoa não
esconde nada e é sincera. O oposto da confiança – a desconfiança
– é a suspeita sobre sua sinceridade. Quando você confia nas
pessoas, você confia em sua integridade e em suas competências.
Quando desconfia das pessoas você desconfia de suas intenções e
atitudes e de sua integridade, sua agenda, suas competências ou seus
antecedentes.
A
confiança sempre produz dois resultados – a velocidade e o custo.
Quando a confiança decresce, a velocidade também decresce e os
custos aumentam.” (trecho do livro O poder da confiança, de
Stephen Covey)
A
confiança é a base do relacionamento entre seres humanos. Quando a
confiança decresce, a velocidade com que as coisas acontecem diminui drasticamente. Qualquer ação, por mais simples que
seja, demora muito mais a ser feita, porque ninguém acredita na
pessoa/governo/empresa que a está executando. Um contrato que
poderia ser assinado rapidamente com alguém em quem confiamos vai
demorar muito mais para ser assinado se não existe confiança entre
as partes.
Ao
mesmo tempo, sem confiança, os custos para fazer funcionar
sua organização/governo/vida aumentam significativamente.
Sem confiança, um governo ou empresa precisa pagar juros mais altos
para se financiar; uma empresa como a Vale, que perdeu a confiança
da sociedade pela forma como está lidando com a tragédia de
Mariana, vai ter custos muito mais altos de operação do que teria
se tivesse sido transparente, ágil e justa na sua resposta ao
acidente.
Algumas
vezes acertamos, nas outras aprendemos
O
pior é que construir a confiança é um processo longo e trabalhoso,
mas perdê-la é muito fácil... Para construir confiança precisamos
agir com transparência e sinceridade, não mentir e não ter receio
de admitir seus erros quando eles acontecerem. É
tentador inventar mil razões para justificar o erro. Minha
experiência é de que quando um erro é cometido o melhor é
simplesmente admiti-lo, sem tentar explicar o inexplicável. E tentar
aprender com a experiência...
Retrato
(Cecília
Meireles)
Eu
não tinha este rosto de hoje,
assim
calmo, assim triste, assim magro,
nem
estes olhos tão vazios,
nem
o lábio amargo.
Eu
não tinha estas mãos sem força,
tão
paradas e frias e mortas;
eu
não tinha este coração
que
nem se mostra.
Eu
não dei por esta mudança,
tão
simples, tão certa, tão fácil:
Em
que espelho ficou perdida
a
minha face?
Uma
das pessoas que mais confiava era o meu avô. Uma vez ele me disse
para eu ser sempre fiel a si mesmo. Na época achei que seria fácil,
mas hoje vejo que manter a coerência entre o que falamos/pensamos e
o que fazemos não é nada trivial... mas é essencial. Quando nos
afastamos do que acreditamos, daquilo que somos, perdemos tudo: o
respeito, a confiança, nossa identidade, nossa face...
O
país perdeu a confiança em quem nos governa. Eles perderam a sua
face e entregaram sua alma... Teremos um longo caminho para
reconstruir o Brasil. Vamos ter que caminhar muito e vamos precisar
do todo mundo mas, sobretudo, precisaremos aprender com os erros e
entender que a saída da crise não virá da cabeça de nenhum
iluminado. O modelo populista e dos “salvadores da pátria” se
esgotou.
O
que precisamos é seguir nosso caminho “com
os pés
livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos”
(Guimarães Rosa).
Adorei o texto, sem falar na grande Cecília Meirelles, outra GRANDE sacada, a vulnerabilidade do nosso momento econômico e vulnerabilidade poética diante de um tempo tão precioso,tão marcante e tão verdadeiro! Parabéns, Marco!
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