O conhecimento é hoje o principal fator de produção. Segundo o Institute for the Future, na década de 90 cerca de 30% das exportações dos Estados Unidos (EUA) estavam relacionadas ao conhecimento enquanto os 70% restantes vinham dos outros fatores (terra, capital, trabalho e matéria prima). O Brasil optou por um modelo de desenvolvimento baseado em terra, matéria prima e trabalho. Fazia sentido no século XX, porque estes fatores sempre foram baratos e acessíveis para nós e eles eram relevantes e decisivos para se criar valor na sociedade industrial.. Não faz mais sentido no século XXI, na sociedade do conhecimento.
O resultado desta escolha é um dos fatores da nossa crise. Estamos perdendo capacidade competitiva porque nossos produtos e serviços têm um baixíssimo componente de tecnologia, conhecimento e inovação. Prova disso é que embora estejamos publicando muito artigos, o peso da economia brasileira no mundo está caindo. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), há trinta anos participávamos com 2,7% da produção industrial do mundo, e hoje, passamos a 1,8%. De acordo com o mesmo instituto, de 2003 a 2009, nossa produtividade caiu 1,7%, enquanto a da China cresceu 4,5% e a dos EUA 3,8%.
Por tudo isto o novo Marco Legal da Inovação, sancionado pela Presidente DIlma, foi saudado pela comunidade de inovação brasileira. Como salientado por Fernando Peregrino, neste excelente artigo, a lei foi aprovada por unanimidade no Congresso, e construída por mais de 70 entidades do setor. Apesar disso a presidente resolveu fazer cinco vetos que reduziram seu alcance.
Como salienta o Fernando, "Esses vetos atingiram poderosos mecanismos de incentivo ao salto visado, como o acesso de jovens de universidades privadas à bolsa para inovação, as micro empresas tecnológicas de usufruírem das compras governamentais, os profissionais e médicos residentes dos hospitais universitários de receberem bolsas de pesquisa, ao direito das fundações de apoio à justa remuneração pelo trabalho que prestam,e, por fim, em tempos do zika, a autonomia gerencial de entidades como a Fiocruz que fazem a pesquisa e a transforma em vacinas para doenças que acometem a nossa população. A luta para corrigir esses vetos em tempo será um exercício de negociação no qual todos compromissados com o novo Marco Legal devem participar. Sobretudo o Governo".
Por que fazer vetos num projeto que conseguiu uma rara unanimidade na sociedade brasileira? Triste constatar que num assunto crítico para a construção de nosso futuro, a inovação, estamos dando um passo adiante e dois passos atrás... Ainda dá tempo. Presidente Dilma, volte atrás em seus vetos e promulgue a lei como ela foi aprovada pelo Congresso.
O Brasil do século XXI precisa disso.
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