Fantasia é um troço que o cara tira no carnaval (João Bosco)
Tenho uma certa dificuldade em lidar com datas onde um determinado sentimento deve prevalecer. O carnaval é uma delas. Nem sempre estamos felizes, mas é carnaval! Vamos festejar! Por outro lado, estas datas e eventos são parte da nossa cultura, nos ajudam a lidar com nossas frustrações e a nos dar um sentimento de pertencimento a uma coletividade. Sem estes eventos coletivos nos sentiríamos órfãos.
De qualquer forma, o carnaval é uma clara demonstração da criatividade do brasileiro. Uma vez fui com um amigo francês ver o desfile das escolas de samba. Fomos primeira à concentração para ele ver a escola se armando e foi visível sua frustração. O que vimos foi um monte de gente desengonçada, segurando suas alegorias e adereços, numa bagunça incrível. Quando passou a escola na avenida a cara do meu amigo não me sai da cabeça: um deslumbramento! Os olhos arregalados, o sorriso que não saia da cara... Ele ficou maravilhado! "Como é possível esta transformação?", me perguntou. Foi como se tivéssemos saído do caos e da feiura para a harmonia e a beleza. Em questão de minutos.
Outro exemplo de criatividade e inovação é a "Duduzela". Recebi do meu amigo Eduardo Fairban, renomado professor da COPPE/UFRJ este texto explicando sua criação:
"Em verdade para chegarmos è duduzela percorremos um
grande caminho. Há uns três anos que eu vinha pensando em uma maneira de
que as vozes pudessem soar mais fortemente sem utilizar recursos
eletrônicos de amplificação. Era importante também que não fosse caro.
Produzi um primeiro protótipo com cone de trânsito que emitiu bem, mas a
Ignez Perdigão considerou que a emissão seria forte mas que não nos
ouviríamos o que levaria a uma grande desafinação geral amplificada. Aí
pensei em fazer um retorno com estetoscópio que verifiquei poderia ser
comprado por alguma coisa como uns 13 reais. O "retorno" foi aprovado
pela Ignez, e aí a Maristela Pessoa, designer, fez um protótipo já com
todos os ingredientes que permitissem uma fabricação artesanal em tempo
hábil e com robustez que não detonasse a duduzela no primeiro cortejo.
Num sábado produzimos, com a ajuda do grande "bricoleur" Junho Francisco
e com a participação ativíssima da Branca Americano, 25 megafones que
já foram ensaiados pelo Ruy Oliveira no domingo e pela Ignez Perdigão na
quinta-feira passada. A estréia foi na praça da General Glicério
(apresentação pré-carnaval do Afluente do Céu) e em cortejo de rua no
Boitatá domingo (ontem). Essa é a história da duduzela (junta dudu e
maristela) , nome que eu não queria, mas que, como todo apelido, acaba
pegando quando o apelidado reage".
Ainda não usei, mas os amigos que a usaram garantem que ela é um sucesso! E para os que consideram que esta é uma "inovação menor" lembro a história do bambolê. Quando o inventor do bambolê apresentou sua ideia ninguém o levou a sério e ele acabou ficando milionário com sua invenção...
Bom carnaval a tod@s! Com ou sem duduzela...
A inteligência e a tecnologia podem estar a serviço da economia criativa. A Duduzela é um bom exemplo de como podem estar associadas várias áreas de conhecimento (acústica, música, cultura, design). Viva a alma encantadora das ruas! Maristela Pessoa
ResponderExcluirVocês deviam pensar em comercializá-la! Veja o comentário mais abaixo. Ela está sendo usada também em manifestações... ;-)
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ResponderExcluirOntem usei a minha duduzela na manifestação dos servidores públicos do RJ!
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